quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mulher a moda antiga

Criada debaixo da saia da mãe; fui. Educada para ser grata, para pedir licença, para dizer obrigada. Para ser coberta a noite ao sentir frio, sem pedir. Para receber os melhores presentes, fora do aniversário. Para ser idolatrada até não querer mais e acordar com flores da cabeceira da cama, espanto, quase derrubando o café da manhã que me aguarda sobre a minha cintura, tão bem feito. Nasci para caminhar de mãos dadas, antes de qualquer aproximação maior da carne. Feita para esperar o amor bater a porta com frio, molhado da chuva, pedindo um canto do meu coração pra se aquecer. Feita para ser convidada para jantar, para ser levada em casa. Para ser guardada, para obedecer ordens da igreja, dos meus pais, do meu coração. Tão antiquada que me sinto em pleno século XX ao perceber que todas ao meu redor, procuram valores diferentes. Sou mais, sou menos? Nem eu sei. Que sou tudo que elas jamais ousariam ser. Que a minha vida se encaixa perfeitamente no enredo da rádio-novela que acabou de começar, que me apaixono pela voz do locutor e durmo ouvindo a voz dele. Que respeito os meus limites, e não sou dona do nariz, olhos e boca e vida. Sou dona de alguma coisa? Sou dona dos meus cd's, dos meus ouvidos, eu sou. Que acordo ouvindo Silhoutte do Kenny G e não ligo, de pensarem que sou a pessoa mais brega do mundo. Que espero casamento acompanhado dessa musica, mas antes, espero namoro de sofá, em casa.
A minha infância adormecida em meus pensamentos se impõe, estou na época errada? O mundo tão desenvolvido e eu me sentindo tão pequena nele, vim dele? Nasci para viver nele? Não encontro quase ninguém que tenha a mesma linha de pensamentos. Que vejo mulheres se ridicularizando para chamarem atenção de homens, que na ultima das hipóteses vão desejar chamá-las de: "Minha!". Finjo que não ligo, para não parecer tão fora de moda assim, mas não sei como se faz. Não sei como agir em um mundo tão 2011 que me dá medo. O que eu estou fazendo no meio de tanta gente procurando por tudo, menos por amor? Menos por fidelidade e sinceridade. Que não me contento em ser qualquer coisa e sou julgada por isso. Que meu fim será em cadeira de balanço -que eu já tenho- envolvida por mil tricô's mal terminados, assim como tudo que me envolve também. Estou errada? As poucas amigas que tenho aproveitam tanto a vida da maneira que acham certo, que me canso por elas. Os poucos homens que me apaixonei queriam uma única coisa de mim, na certa, a unica que eu não era disponível a ceder. E só fizeram eu reagir a um tipo de sentimento: A esperança e espera do próximo. O que faço aqui, no meio de tanta gente que só gostam do calor e ignoram o frio? Que não comemoram os meses de namoro e não ligam no fim da noite? Eu não sei o que faço aqui, mas há anos procura a saída de emergência. Se não for para ser essencial aqui, eu não quero. Se não for para ser a melhor, eu não serei nada.

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